quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


ATO DE AMOR COMPARTILHADO

Durante o tempo que durou, era notória a sensação de êxtase pleno. Estaria eu, adormecido? Vivia mais um dos meus devaneios?
Sei lá!
O que vale evidenciar são as delícias que experimentamos, nós dois!
Estava diante de mim, linda, apaixonada a exalar fragrâncias, que de tão agradáveis, se comparavam a flores raras, exóticas, dessas que inebriam abelhas polinizadoras. Semelhante foi minha atitude, quando excitado, decidi tocá-la com meiga paciência, doce ternura, farta delicadeza, por me parecer que este era o modo correto, ideal do tocar algo tão delicado, encantador e frágil. Noto, por conseguinte que a minha flor mística (minha amada) reage em aceitação plena, em face de minha investida. A cada instante, maior afinação, entendimento, ampla harmonia em vibração melódica, sons duma freqüência altíssima, imperceptível aos ouvidos, mas facilmente audível ao cérebro de dois que se amam e que fazem do desejo, um instrumento a mais...Selo das nossas convicções mais íntimas, compartilhar de prazer da carne, formas, cheiros, movimentos, febre e fome. Confraternização de espíritos entusiasmados, simpáticos, irmanados em amor trazidos à presença de ambos e de um para o outro.
Não havia pressa! Não havia egoísmo! Ausência de agressividade, atropelos, equívocos, brutalidade. Trégua ao misantropo, posto que agora, somos dois!
Em meio ao bailado das tantas carícias infindáveis, minha flor produz seu néctar numa quantidade admirável, ato da mais pura generosidade. Quer retribuir à altura todo o bem-estar que vivencia. E, vou eu a sorvê-lo mais e mais, por avidez minha, veneração delirante.
Todo o resto tem que esperar!
Ninguém vai ao cume de uma montanha elevada sem escalar
suas encostas com o devido cuidado, respeito e sensibilidade. Não há louros para aqueles que “ficam o seu mastro” seja no topo ou a meio caminho, descendo de pára-quedas ou semeando a destruição impudica, afobada, selvagem durante a sua escalada. O cume da montanha é conquista sagrado! O corpo de uma mulher não é desprovido da sua essência enquanto ser pensante. Há nele uma pessoa, um indivíduo. Não os podemos saquear! Ser desastrado na sua investida o torna inapto para as outras tentativas. Não à toa essa sabatina tem reprovado tantos homens.
Pois bem! Em meio a tantos bocados, envolto em tantas delícias, juntos, felizes fizemos o nosso advento. Que viagem fantástica!
Pausa para um merecido descanso!

FOI ASSIM!


Sérgio de Carvalho e Camargo

2 comentários:

  1. Sublime! Sagrado! Perfeito!

    Bravo! Bravo! Bravo!

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  2. Alcançar compreensão ampla do conteúdo desse texto, jamais será possível para quem nunca dançou ao som dessa celestial cantiga.
    Amor, delicadas carícias, serenidade e paciência, carinho, prazer e êxtase pleno são privilégios de poucos.
    Comprimento-o (a), portanto.

    Delta do Amazonas

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