quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

ANO NOVO.



Um velho amigo, meu compadre, apresentou-me a um novo desafio. Entrar, com ele, numa nave, para juntos, conhecermos o mundo que ele habita.
Era a agonia de 2014. Seus derradeiros instantes.
A nave com seus dois tripulantes, aportou. Tudo escuro. Arriscamos saber se alguém, lá, estava. Fizemos o certo! Num minuto a dona daquele lar nos recebeu com farto sorriso no rosto. Um reencontro atrasado em mais de quarenta anos. Eu revia uma amiga tão querida, esposa de outro amigo dos velhos tempos. Numa cozinha linda, limpa, sentados à mesa, bebemos uma prosa saborosa de grandes recordações, tanto que nos atrasamos para o futuro. Tudo ainda estava por acontecer.
Então, nos despedimos e embarcados de volta ao interior da nave, lá fomos nós, rumo ao destino feliz que nos aguardava. Ao atracarmos no porto, complicadas manobras que somente um comandante experiente é capaz de promover, fizeram nossa Nau atracada. No desembarque, já em país cuja fronteira eu jamais havia transposto, uma recepção calorosa, um abraço de amor, de saudade, do resgate de todas as lembranças boas que soubemos realizar, minha cunhada Madre Nina e eu. Desabei em lágrimas no ombro dela. Ela, como sempre o faz mãe dadivosa, amparou meus motivos, reergueu como estacas o meu dorso, meu moral. Fez-me de volta à serenidade, agora, tendo a minha emoção sob controle. Só então, eu percebi que estava em meio a um mar de gente. Todos com um sorriso estampado em seus rostos a me dizer: Bem-Vindo!
“Afaste-se dos maus amigos e procure os bons.” Dita um ensinamento budista.
Linda mesa de rica ceia.
Papo engatilhado com tantos sabores que quase a ceia em si, fora esquecida. Donzelas de linda conduta, beleza e acolhida rara, para um sessentão como eu, a mim me fizeram envaidecido, feliz e sorridente. Elas colaram em mim feito imã que, num indescritível sabor de vida pulsante, instigaram o meu rejuvenescer. Lindo momento! Hora do jantar. Saborosos pratos, tudo preparado com hábeis mãos de carinho e amor. Alimento que, não só, nutre, mas, também, abençoa e protege. Então, de bênçãos todo o ambiente se enche quando todos, sob a liderança, espiritualidade e intenção do meu compadre, promovemos uma cantata de orações, louvor e Graças. Em lágrimas cantei tão lindos versos...
Pulsava em todos nós uma energia renovada. Deu Meia-Noite, e os abraços de felicitação se multiplicaram. Era 2015 nos seus primeiros instantes. Chegou com a força determinada de ser diferente. Entre amigos, misturado ao caldo de amor autêntico e verdadeiro, perceptível no olhar, na voz, e na atitude daquelas tantas pessoas, fui eu incluso, presenteado, cocado, servido, cultuado e elevado à condição de bem quisto, patamar muito bom de experimentar: respeito, admiração e bem-querer tão fartamente percebidos naquele Lar aconchegante onde reina, como soberano, o amor ao Altíssimo.

Delta do Amazonas.

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