quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ESPIRITO DA FÉ





“A fé conduzida pela idolatria ou pelo fanatismo
exclui o raciocínio e faz com que o homem tema ao seu Deus ao invés de amá-lo em espírito e em verdade, isto é, com o pensamento e a razão e não através da estatuária mais ou menos grosseiro do barro, da madeira ou do ouro que podem deslumbrar a vista dos simples e dos desavisados, mas que ferem paradoxalmente a harmonia dos seres, quebrando a linha reta e o ritmo de arte, de perfeição, equilíbrio e de beleza, mesmo que para sugestionar-se admitam adolescentes com asas e corações fora do peito. Chega-se a Deus ou se distancia dele pelo pensamento ou pela ação. A prece não carece de intermediário. Ela atinge ao infinito antes mesmo que os lábios articulem uma só palavra...


A prece é o banho do espírito, higieniza-o, estimula-o, vence fadigas. O hábito da prece produz corações limpos. A melhor prece é aquela que, na comoção do momento, os próprios lábios emudecem. O pensamento é como o ouro no estado nativo: a palavra é liga de metal que conquanto indispensável o torna menos precioso.
Deus compreende na eloqüência dos silenciosos o que de mais sutil paira em nosso pensamento, contribuindo um ideal ou acalentando a uma esperança.
Dá às Tuas criaturas no amor, a felicidade plena da confiança e da amizade aos que não crêem em Ti e por isso tem o coração aflito, ampara-os e renova-os com a sedução da Tua divina luz. O reino do amor é o Teu reino.
Só crê o que ama; só ama o que em verdade se inflama ao onipresente calor da Tua realeza.
Dá que sejamos em Ti livres de pensar, limpos de coração, simples, leais e honestos. Que a tua generosidade nos alcance e ampare em todos os caminhos da nossa vida, desde o sorriso casto dos que nascem até o ultimo alento da vida do que se extingue. Que a Tua luz espante as trevas do desespero e da descrença e que a tempestade de ódio e de vingança que envolve o mundo para dividi-lo e ensangüentá-lo, se transforme num dia claro de sol, na imensa majestade do Teu império de bondade, amor, de justiça e, sobretudo de tolerância e de caridade.

(Theóphilo Fortunato de Camargo)

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