quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

BOLERO SEM PAR, NÃO DANÇA.




Um bolero, uma bela canção, noite alta...
Aquela dama dentro do vestido longo, elegante sobre o salto alto, parece querer dançar, mas, ninguém a tirou, ainda.
Estariam os cavalheiros dessa festa acanhados, retraídos diante de tanta beleza?
Há inconveniente em ser tão cativante, bela e sedutora, ou será que o seu par ideal, não está ali, não veio?
Que mal pode haver num convite para dançar?
Fim da canção e nada acontece. Outras tantas, principiam e findam sem que nada aconteça. Nada engloba tão amplo significado que faz esbarrar na impressão de que, nada, também é algo acontecendo:
Meu notar!
Há uma linda dama bem ali, enfeitando e perfumando o salão inteiro, mas, que está afugentando os cavalheiros que não ousam aproximarem-se dela.
Medo?
O que tememos, inclusive, eu?
Por qual motivo tantas canções convidativas já aconteceram e a mais bela dama da festa, mesmo estando sozinha, ainda não dançou uma única vez?
Ninguém teve coragem o suficiente.
Ninguém, nem mesmo eu!

Fim do baile!

Quantos bailes iguais a esse a vida já nos ofereceu e nós ficamos, apenas, na vontade de dançar porque nos faltou coragem, iniciativa, olhar o outro como igual?
Como homem, critico homens que dançam com o dominó, com o baralho, como o futebol com a academia para ficar "bombado", com o balcão, cerveja, pinga, etc. vida desperdiçada.
Culto da sua barriga enorme, que a ela chamam de: "calo sexual"
Que horror!
Tempo precioso atirado ao boeiro, desperdiço de oportunidade. Talvez, o germe de um novo amor, consumido para nunca mais voltar.
Mas, as mulheres (lindas damas dentro do seu longo vestido, em cima do salto alto) olham de cima para baixo, como superiores, como inatingíveis fazendo com que, nem o seu cheiro bom, nem a sua beleza arrebatante, sejam suficientes para enfeitiçar, seduzir e conquistar o seu par.

Então, nada acontece!

Delta do Amazonas.

EIXO, IMPRESSÕES DE MIM MESMO.




Quem foi que eu deixei nas memórias de quem tanto me amou?
Não sou eu!
Aquele é um arremedo de mim!
Eu não sou passado. Sou o agora!
Quem está lá, pouco de mim possui.
Não sou eu. Sei que não sou!

Eu sou presente!
Outro, tão diferente daquele que lá, repousa, dista de mim, apartado...

Antes, não era você comigo. Quem eu imaginei que tinha, era mera promessa, certeza do ir embora.
Um sonho fugaz.
Passou!

Antes, me desfazia em lágrimas do desencanto.
Hoje, trago meu peito em júbilo constatado.
Presente.

Quem está lá, nas lembranças de quem tanto me amou?
Não sou eu! Porque sei que sou aqui, agora e não lá.

Quem tanto me amou, um dia, amou uma fantasia mutante por querer ser realidade, essência do eu de agora, tão diferente!

Daquele, quão pouco restou.
Poeira, quase, nada e nada é inconsistente, não palpável, assim como é meu sonho maior, liberdade.

ESPIRITO DA FÉ





“A fé conduzida pela idolatria ou pelo fanatismo
exclui o raciocínio e faz com que o homem tema ao seu Deus ao invés de amá-lo em espírito e em verdade, isto é, com o pensamento e a razão e não através da estatuária mais ou menos grosseiro do barro, da madeira ou do ouro que podem deslumbrar a vista dos simples e dos desavisados, mas que ferem paradoxalmente a harmonia dos seres, quebrando a linha reta e o ritmo de arte, de perfeição, equilíbrio e de beleza, mesmo que para sugestionar-se admitam adolescentes com asas e corações fora do peito. Chega-se a Deus ou se distancia dele pelo pensamento ou pela ação. A prece não carece de intermediário. Ela atinge ao infinito antes mesmo que os lábios articulem uma só palavra...


A prece é o banho do espírito, higieniza-o, estimula-o, vence fadigas. O hábito da prece produz corações limpos. A melhor prece é aquela que, na comoção do momento, os próprios lábios emudecem. O pensamento é como o ouro no estado nativo: a palavra é liga de metal que conquanto indispensável o torna menos precioso.
Deus compreende na eloqüência dos silenciosos o que de mais sutil paira em nosso pensamento, contribuindo um ideal ou acalentando a uma esperança.
Dá às Tuas criaturas no amor, a felicidade plena da confiança e da amizade aos que não crêem em Ti e por isso tem o coração aflito, ampara-os e renova-os com a sedução da Tua divina luz. O reino do amor é o Teu reino.
Só crê o que ama; só ama o que em verdade se inflama ao onipresente calor da Tua realeza.
Dá que sejamos em Ti livres de pensar, limpos de coração, simples, leais e honestos. Que a tua generosidade nos alcance e ampare em todos os caminhos da nossa vida, desde o sorriso casto dos que nascem até o ultimo alento da vida do que se extingue. Que a Tua luz espante as trevas do desespero e da descrença e que a tempestade de ódio e de vingança que envolve o mundo para dividi-lo e ensangüentá-lo, se transforme num dia claro de sol, na imensa majestade do Teu império de bondade, amor, de justiça e, sobretudo de tolerância e de caridade.

(Theóphilo Fortunato de Camargo)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

BELEZAS DO MEU QUINTAL



"Em vão centenas de milhar de homens, amontoados num pequeno espaço, se esforçavam por disfigurar a terra em que viviam; em vão a cobriam de pedras para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumo de petróleo e de carvão; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - porque até na cidade a primavera era Primavera". - Liev Tolstói

Milho, Banana, Pimenta, Abacate, Uva, Mamão, Laranja, Maracujá, Jaboticaba, Acerola, Café, Mandióca, Pássaros, Sólo permeável, tudo violentamente destruido pela furia, "oba-oba" desrespeito, total, ao meio-ambiente.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

K U U




K U U

Palavra que dá nome ao princípio chinês da não substâncilidade.
K U U = conceito de ZERO já discutido aqui. ZERO que para os chineses não é nada. É a negação do SIM e a afirmação do NÂO.

Pois bem, mesmo não sendo budista, mas na certa, por ser uma mente muito culta que conhecia tal principio, ou ao menos percebia a sua verdade, Vinicius de Morais em parceria com Baden Powell compos:

Canto de Ossanha
(Baden Powell e Vinícius de Moraes)

O homem que diz "dou" não dá
Porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai
Porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é
Porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá
Porque ninguém tá quando quer

Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor

Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor

Amigo senhor, saravá,
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá
Que muito vai se arrepender
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer

Vai, vai, vai, vai, amar
Vai, vai, vai, sofrer
Vai, vai, vai, vai, chorar
Vai, vai, vai, dizer

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor


Muito bem!
Proponho que examinemos o que nos dizem esses versos:

O homem que diz "dou" não dá
Porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai
Porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é
Porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá
Porque ninguém tá quando quer

Ai está a aplicação do K U U na sua forma mais clara.
A explicação da não substancilidade de uma maneira didática que a nós possibilita a compreensão e conseqüênte facilidade de aplicação na nossa vida.

Marcia LUZ, nas palavras que proferiu no dia 08/04, quando da anunciação da ONG da VAA, disse:

"Devemos tomar muito cuidado ao dizermos para alguém que a amamos, pois a outra pessoa pode acreditar. E a responsabilidade gerada por tla conquista é única e exclusivamente nossa".

Devemos tomar cuidado com aquilo que dizemos a nós mesmos, por exemplo: Os narcizistas que se declaram deles mesmos serem lindos. Os mentirosos que se declaram verdadeiros e até juram. Os que não amam coisa nenhuma, mas afirmam que sim, etc. Que vão e não vão. Que são e não são. Que dão e não dão...

Ao tomarmos cuidado com aquilo que afirmamos sobre nós mesmos, na certa quando formos dizer algo de alguém, iremos ter a lucidez da avaliação cuidadosa para não caluniar, ofender ou ferir de morte o nosso semelhante, afinal:

O homem que diz "dou" não dá
Porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai
Porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é
Porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá
Porque ninguém tá quando quer


K U U


Delta do Amazonas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PRESENÇA FÍSICA.



Quando de ti me fiz enamorado eu sempre soube da minha dependência, carência, presença física.
Conversa de corpo, afeto. Troca de energia sublime, amor.
Dança que não se faz só por movimentação corporal, baila também, a mente, solta, alegre, radiante. Gosto bom adocicado, reviravolta hormonal, tantas delícias.
Permuta de luz dos olhares apaixonados, quanta falta me faz.
Busco atrair-te repetidas vezes pra junto de mim. Sou precisado de ti comigo posto que te amo e desejo e então, te espero persistentemente. Às vezes com serenidade, às vezes com afobada aflição que as lembranças de nós dois na imitação do laço de fita, que envolve, enrosca, atraca quer, desse jeito, permanecer.
Não se demore assim, te imploro.
A vida não deve escoar no desperdício!
Meu corpo, teu amante, sozinho murcha, acinzenta-se, esvazia-se do entusiasmo do quando estamos juntos.
Enquanto tu mantiveres amor por mim, venha ter comigo?

Delta do Amazonas.