domingo, 5 de dezembro de 2010
O DIA EM QUE O CRAVO DECIDIU VIRAR ROSA
Alvoroçando toda natureza, foi uma noticia previsível, já que ninguém pode negar o que lhe é inerente.
Só que, o Cravo imaginou que podia.
Ensaiou durante séculos, e durante todo o período ensaísta, as reações eram as mesmas. Mas ele, a contragosto do que lhe demonstrava a maioria das flores de todas as espécies, no bojo das suas opiniões, quis assim fazer:
- D’agora em diante, não serei mais, um menino Cravo. Sou, daqui por diante, uma mocinha, sou Rosa!
Então, mesmo debaixo de tremendo espanto, outros resolveram que também podiam...
Lobo a se declarar Ovelha. Gerânio declarando-se Papoula. Luz se fazendo de treva. Lua impondo-se como sendo Sol. Onça a se dizer Leão. Água a se confessar ser areia. Tigre a enamorar-se de d’outro Tigre, etc...
Desnecessário dizer que a AÇÂO negadora dos códigos de conduta, conceitos e valores morais e éticos, sentiram-se agredidos, golpeados duramente na sua raiz.
Cresce em tal proporção tal levante que, alguém tem a idéia de organizar um desfile numa das avenidas mais famosas do vilarejo, próspero.
Assim foi feito!
Primeiro ano, segundo, terceiro...A cada nova edição, muito mais eram constatadas as novas adesões.
Hoje, já são milhões!
Imaginando serem fortes em número suficiente, os participantes da ala negadora das suas características primeiras, lançam-se no clamor por direitos. E, aí, passa a morar o conflito.
Se leis são criadas para defender e proteger as minorias, essas não poderão permitir que as maiorias (Cravo, Cravo. Rosa, Rosa. Luz, Luz. Tigre, Tigre...) sejam discriminadas pelo avesso. Quem deseja ser, por convicção absoluta, como fora criado originalmente, não pode ser punido por isso.
A julgar pelo andar da carruagem, era o que principiava acontecer!
O que fazer?
Para responder a essa questão, tão complexa, sábios, filósofos, governantes, sociólogos, operadores do direito e vários outros seguimentos da sociedade fauna e flora, representando toda a biodiversidade, debruçaram-se com empenho na busca de uma solução para o impasse.
Os debates se arrastam por longos períodos, anos a fio e, ao menos por enquanto, ninguém sabe o que fazer.
Bem melhor seria, ao meu ver, se possível fosse, a manutenção de tudo, exatamente como lhes foi atribuído pela sábia, Mãe Natureza.
Mas...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Parabéns Delta, tmb gostaria que a natureza fosse preservada, mas é um tanto utopico, afinal quem quer viver sem eletricidade elétrica e outros confortos modernos?
ResponderExcluirCaro Amadeu,
ResponderExcluirConcordo ser impossível querer viver na civilização moderna, sem fazer uso de todas as conquistas da sociedade humana.
No entanto, pra tudo tem que haver um limite, sob pena de todos padecermos e de mãos dadas do mesmo desastre eminente.
"A supremacia de muitos se sobrepõe à supremacia de poucos".
Olha só, eu sou das antigas, ainda acho que homem é homem, cravo é cravo, rosa é rosa, respiro pelo nariz e me alimento pela boca.Coisinhas básicas, assim.
ResponderExcluirAh, e também gosto de me divertir na área de festa, e nao na lixeira. Enfim, sigo a lei da natureza. Nada contra quem nao segue.
Um palpite: não gostei do "d'agora". Não vi necessidade de vc suprimir a vogal, afinal, não está contando sílabas poéticas, nem é escritor do século passado, né? Bom foi só palpite.
mil abraços pra vc!
La Preciosa,
ResponderExcluirVejo em você, uma das minhas leitoras mais exigentes. Uma ousadia bem-vinda e enriquecedora.
No entanto, é preciso dizer que o "D'agora" que utilizei foi algo absolutamente proposital, justamente para enfatizar que a proposta do Cravo, não é uma inicitiva inédita e sim, muito antiga, como a própria expressão sugere.
Tenho por hábito, esconder nos meus textos, muitas "chaves".
Adquiri tal cacoete durante os anos em que escrevi para alguns jornais de grande circulação.
As "chaves" são necessárias para tentar evitar que aconteçam excessos dos quais já fui vitima, quando, até ameça de morte eu sofri, sob a acusão, leviana, de eu ser um anti-Cristo.
Tudo por causa da maneira rasgada que eu tinha de manifestar indignação contra determinadas imposições desse ou daquel grupo.
É isso!
Hum, ainda bem que vc me chamou de ousada, pensei que ia dizer atrevida!
ResponderExcluirDesculpe, tá? nao achei defeito, só antipatizo com essa coisa de "d'" , mas adoro quando vejo isso em textos do século XIX,mania minha.
Na paz?
Está desculpada!
ResponderExcluirSabe? Eu também, tenho as minhas antipatias. Quem me conhece a mais tempo, sabe que tenho verdadeira aversão pelas abreviaturas que viraram moda na Internet e nos tais torpedos via celular.
Falo dos: "vc", "pq", "niver", "miga", "find", "tb" e por aí vai.
Minha namorada evita ao máximo utilizá-los quando conversa comigo, virtualmente. Sou tão radical que mesmo entendendo o que ela quis dizer, pergunto o que está tentando falar com aquela abreviatura.
Sendo assim, empatamos, certo?
Valeu!
Delta, Delta Delta!Calma, homi de Deus!
ResponderExcluirOlha só: eu fui profa. durante 30 anos...(sou véia). Ainda hoje corrijo textos de adolescentes e pasme: mesmo eles usando o internetês, ao corrigir as últimas redações da prova SARESP 2010, notei, admirada, que eles não usaram o internetês!
Havia muito erros ortográficos, mas nao vi abreviações.
Creio firmemente que escrever abreviado na net não implica que a pessoa vá usar isso em uma dissertação escolar, ou em uma prova de concurso.
Em um texto meu, escrito de maneira formal, vc jamais vai achar essas abreviações. E olha que sou viciada em escrever. Tenho um baú de coisas escritas.
Então, Feliz Natal procê!
Ah: brigue não com sua noiva. Melhor receber um e-mail abreviado do que não receber nada. Mesmo em internetês pode-se falar de amor!
Feliz natal pra sua noiva também!
Pois é, meu irmão! O que mais temos visto é o mundo virado às avessas! Coisas da "modernidade"!!! Confesso que me espanta a rapidez com que tudo mudou... me espanta e me entristece! Realmente a Mãe Natureza é sábia e faz tudo certinho, mas tem gente (ou cravos, tigres e lobos...) que acham que sabem mais do que quem os criou... Aí já viu, meu amado, não tem jeito! Mas uma coisa ninguém muda: a essência! Essa é imutável! E por mais que o cravo diga-se rosa, continuará a ser um cravo!
ResponderExcluirAmo você e a sua maneira de escrever!
Beijos
Lígia
Minha Lígia,
ResponderExcluirEncontrei em você, uma das leitoras do meu romance mais afinadas com o seu conteúdo. O seu parecer, de tão preciso, detalhado e explicitado, comove, envaidece e sobre tudo me faz eternamente grato.
Cada um tem uma forma, toda própria, de ler os meus textos.
Isso é normal!
Só que você o faz com uma maestria unica.
Parece que, não está nem aí com os possíveis deslizes meus, na grafia, concordância verbal, pontuação ou demais formalidades. Sei que os possuo aos montes!
Entretanto, você não lhes atribui importância maior e, portanto, me lê com maior delicadeza.
Sou-lhe muito grato!
Meu amado Sérgio,
ResponderExcluirSabe qual é o segredo? Eu leio os teus textos não apenas com os olhos, mas também com o coração! E sei que aquilo que escreves, antes de estar em tua mente, está no teu coração! Ou esqueceste que tenho o dom de te ler por dentro? Este dom foi-me dado por Deus e chama-se AMOR!
E, além do mais, o que importa em um texto, é a maneira como ele nos toca... esse é o diferencial! Podemos ler textos perfeitos na gramática, mas que simplesmente não nos tocam, não nos envolvem, não nos arrebatam! Os teus, meu irmão, são excelentes em todos os sentidos... na gramática e no poder de arrebatamento! Por isso amo te ler... por dentro e por fora...
Amo você!!
Beijos
Lígia
Os seus textos são muito bons. Apesar de não ter a mesma experiência que suas leitoras, gosto de redigir e valorizo a arte de escrever.
ResponderExcluirE, se me permite dizer,se os lesse sem conhecer a autoria, talvez não reconhecesse o autor. Hora textos poéticos, românticos, hora textos de profunda crítica das condições social e humana. Contundentes! Abrasivos! E, assim sendo, acredito ser este seu melhor valor: não haver necessidade de lhe conhecer pessoalmente para apreciar profundamente suas escritas. Características próprias, sim! Reconhecíveis! Mas de uma pluralidade significante. Um Bom Ano para você, recheado de publicações!
Luciane
Amada Luciane,
ResponderExcluirCada presença aqui, a opinar sobre o que eu escrevo, tem para mim, valor impar!
É, na diversidade dos pareceres distintos que se verifica a reunião das tantas outras vertentes do pensamento livre, desejo único, contribuição para o crescimento coletivo.
Na condição de autor dos textos aqui publicados, recebo cada comentário como uma aula para mim. Lições das muitas formas peculiáres que cada um tem de se expressar. Precisão, absoluta, na transposição do pensamento em palavra escrita.
Um eseptáculo do qual me faço em expectador maior.