sábado, 4 de dezembro de 2010
EM CINCO ATOS.
I Ato
Ronda meu coração uma ebulição, velha conhecida.
Ouço aquilo que quer me dizer teu clamor inquieto.
Acaso tu não queres me levar a galope, noutra das tuas isolitas viagens, queres?
E o que importa a ti perguntar?
Sei que vais onde queres, quando queres e eu, de modo involuntário a ti, sigo obediente.
Ai de mim, escravo das vontades tuas, ai de mim...
II Ato.
Chove na minha Osasco.
Chove na minha vida.
Chuva dentro de mim pra lavar meu pranto.
Nas águas límpidas desse chover, de agora
Em banho intenso, lava, limpa
abranda o sal que mina das minhas lágrimas.
Escorre para o lago.
Quer fazer menor o meu sofrer.
Chove na minha Osasco
E cá dentro de mim, também.
Chuva pra destruir um encanto
Chove pra construir um bom tanto.
Chove pra confundir o meu canto
Silencia!
Chove a chuva, redenção.
Molha, encharca, rasga o meu chão.
Chove, chove sem parar, chove...
Leva pra longe na enxurrada, minha Nau.
III Ato.
Me fosse dado a escolher, não queria ser romântico, nada.
Ser homem de gelo, indiferente, alheio a tudo ao meu redor, quão mais fácil seria?
Só que esta escolha não me fora concedida.
Então, bebo as horas da minha espera aflita, pingas da ilusão, fantasia, disfarce, anestésico...
Em grande estilo, na taça de cristal puro que poderia ser uma caneca grosseira de lata, mas, que contivesse música líquida que ao descer garganta a baixo, me fizesse cantar e dançar por dentro estremecendo as minhas entranhas, catalisando na minha corrente sanguínea, alegria radiante e tudo só por amar e ser amado igual.
Mas, o outro (a), embora queiramos na condição de românticos, não é o paraíso.
Ele (a), ainda está, ainda vive confinado na sua própria clausura a querer descobrir-se a tempo de acreditar e apostar que amar e ser feliz é possível.
IV Ato.
Bebi todas as horas que eu podia.
Já não há nenhuma gota que possa ser sorvida.
Devo ir, agora!
V Ato.
Não sou um homem, tão pouco um escritor.
Enganei-me!
Sou música num corpo humano que escreve e canta melodias, a razão jubilosa de tantos corações. Faz tempo!
De tanto assim ser, temo ter como escasseado o meu maior talento:
Dar-me de mim aos outros o tempo inteiro. Pedaços da minha carne, melodiosas canções, ternas oferendas.
O que será de mim, caso inspiração entusiasmada me falte e a musica, que sou eu, silenciar?
Epílogo.
Já chamei de namorada, uma foto, esboço sutil de alguém a quem eu mal conhecia.
Hoje, chamo de minha namorada, um sonho de encantamento e beleza profusa. Uma jovem linda, mulher de um tanto mais de quarenta anos.
Quem é ela?
Fácil saber!
Basta prestar atenção na capacidade que ela tem do rasgar um sorriso largo no meu semblante sério, todos os dias do meu amanhecer em comunhão e harmonia, gratidão minha, por saber que eu a tenho cativa, nos confins do meu coração de homem, tão apaixonado.
Sê preferir, apure os seus ouvidos, ouça a canção de amor que os meus olhos cantam, sempre que diante de mim ela comparece. Ou até mesmo, note a múltipla difusão de matizes dos tons e cores que da minha inspiração emana e só por isso, escrevo.
Chamo de minha namorada, um Ser Humano esplendido, distinto, pinçado das tormentas, apartado das confusões por que delas nunca quis fazer parte integrante, nem ser misturada, nem ser confundida.
Não...
Em serena harmonia, baixou um decreto:
- Sou mansidão e calma.
- Sou a sua amada!
Menina adulta. Mãe, filha, irmã, amiga.
Amante fervorosa, MULHER...
Mescla dos melhores bocados das tantas delícias que só a vida em amor dum homem e uma mulher são capazes de produzir, compor, gerar e manter.
Meu mundo mágico. Minha alegria profunda, sem fim.
Poema delicado, feminino.
Melodia perfumada, sensual doce e terna...
Eis, minha namorada!
FIM.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Cinco atos de uma vida que sente por ela, sofre por ela e que a ama mulher...
ResponderExcluirAquela! A única! A sua namorada! :D
Lucas Neves,
ResponderExcluirDizer do meu amor por ela, é um compromisso, meu.
Digo o que digo. Digo o que sinto, ainda que o que eu sinta, não seja tão fácil de exprimir com palavras.
Ainda assim, componho...