Se na condição de humano, longe de poder imitar o cavalo marinho (hermafrodita) ou a minhoca, capaz de trocar de sexo conforme for a exigência das circunstâncias, vou eu, sem saber ser sozinho, me ajeitando daqui e dali. Não há jubilo nenhum, da minha parte, dizer o que penso. Nem pensar no que digo!É sabido que sexo é vida, muito embora seja comum negar, negligenciar ou fazer vistas grossas para essa verdade, em nome de sei lá o que. Logo, para não murchar, de vez, diante da seca severa do meu presente, decidi copular com a vida. Coito de negação ao desperdício. Desse assistir ao escorrer do tempo, vendo com os olhos e lambendo com a testa, além de ficar sofrendo a humilhação do abandono. Amargando a mutilação do banimento. Sendo refém passivo do ostracismo. Não! Eu não quero mais passar pelos encantamentos desse privilégio que é viver, sem lançar-me entregue ao leito nupcial da fusão sagrada. Direi sim ao chamamento da minha missão!- Venha deitar-se comigo! Ordena-me a donzela vida. – Tu me honrarás se me fizerdes gerar um filho teu. Arremata ela.- Em sendo menino chamar-se-á, Triunfo. Mas, se menina nascer, chamar-se-á, Redenção.- Venha deitar-se comigo? Insiste a vida.
Delta do Amazonas.
“O desejo é a metade da vida; a indiferença é a metade da morte.”
Gibran Khalil Gibran.
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