sexta-feira, 26 de setembro de 2014

FIO DE ÁGUA, NASCENTE.


DELTA DO AMAZONAS.

Sua força é tal que empurra as águas do oceano por centenas de metros, quando se impõe majestoso ao final do seu existir enquanto rio.

Ainda é forte e será enquanto água houver.
Mas, o ser humano faz vistas grossas para esse bem mais precioso. Usurpa dessa riqueza na ilusão de que ela é inesgotável.
Um dia, no entanto, se nada for feito, até o Delta do Amazonas desaparecerá.
Proteger, preservar os rios e as suas nascentes se faz urgente.

Delta do Amazonas.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

CÓPULA



Se na condição de humano, longe de poder imitar o cavalo marinho (hermafrodita) ou a minhoca, capaz de trocar de sexo conforme for a exigência das circunstâncias, vou eu, sem saber ser sozinho, me ajeitando daqui e dali. Não há jubilo nenhum, da minha parte, dizer o que penso. Nem pensar no que digo!É sabido que sexo é vida, muito embora seja comum negar, negligenciar ou fazer vistas grossas para essa verdade, em nome de sei lá o que. Logo, para não murchar, de vez, diante da seca severa do meu presente, decidi copular com a vida. Coito de negação ao desperdício. Desse assistir ao escorrer do tempo, vendo com os olhos e lambendo com a testa, além de ficar sofrendo a humilhação do abandono. Amargando a mutilação do banimento. Sendo refém passivo do ostracismo. Não! Eu não quero mais passar pelos encantamentos desse privilégio que é viver, sem lançar-me entregue ao leito nupcial da fusão sagrada. Direi sim ao chamamento da minha missão!- Venha deitar-se comigo! Ordena-me a donzela vida. – Tu me honrarás se me fizerdes gerar um filho teu. Arremata ela.- Em sendo menino chamar-se-á, Triunfo. Mas, se menina nascer, chamar-se-á, Redenção.- Venha deitar-se comigo? Insiste a vida.

Delta do Amazonas.


“O desejo é a metade da vida; a indiferença é a metade da morte.”

Gibran Khalil Gibran.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

MINHA OBRA MAIS COMPLETA.




Sou filho do Outono,
Sou de Abril!
No Inverno dos desastres afetivos,
Esforcei-me na intenção
Do não permitir ver trincar congelado,
Meu coração.

Filha do outono,
Também, ela é, do mesmo Abril.
Magoada, enfurecida, pressionada,
Quase fora esmagada,
Entre as paredes frigidas do mesmo Inverno.

Eu a conheci no abandono.
Mergulhada em delusão cruel.
E eu, a exemplo daquilo que eu fiz com essa orquídea
Da imagem, apresentada a mim aos cacos,
Fora objeto da minha crença, convicta.
De que ambas eu poderia salvar.

Foi o que eu fiz!
Não me arrependo.

Mas a orquídea permanece comigo,
A querer retribuir-me, débito de gratidão
Por tê-la reerguido e pô-la de pé, a salvo.
Ela, no entanto, para meu infortúnio,
Se foi embora de mim.
Grata? Talvez...
“Oh amada. Amada minha. Mulher que amei e que perdi.
De outro, serás de outros. Mas esses, colherão os frutos do solo que semeei, eu.”

Floresceras na Primavera que se avizinha.
Tão linda quanto a orquídea que permanece comigo.
Mas a filha do Outono, minha obra mais completa.
Longe dos meus braços se fez.
E na Primavera dos meus maiores anseios.
Em flor te farás longe, muitos longe do meu maravilhar.
Por tais motivos, é que, lamento e choro.

(trecho entre aspas: Pablo Neruda)

Delta do Amazonas.