Há quarenta anos, na véspera do passamento do meu pai eu estive com ele no seu leito de morte. Como ele já não falava mais, quase nem se mexia, notei que ele queria me dizer alguma coisa. Então eu lhe disse: - Papai, eu sei que o senhor não pode falar, mas eu vou tentar saber o que o senhor quer. Quando a resposta for sim, aperte a minha mão uma vez. Se for não, aperte duas vezes. O senhor entendeu? Então, ele apertou a minha mão uma vez. Fiz algumas perguntas a ele e para todas elas, ele apertou duas vezes a minha mão. Até que, por fim, eu acertei. Ele precisava fazer xixi. Sem pestanejar, eu peguei um pinico, levantei a coberta e peguei no membro dele para direcioná-lo para dentro do recipiente. Ele urinou sangue. Em seguida notei que lágrimas corriam pelos seus olhos. Percebendo que ele estava envergonhado e humilhado me apressei em lhe dizer: - Não sinta vergonha de mim, papai. Eu sou o seu filho e tudo farei para ajudá-lo. Um único aperto de mãos, derradeiro encerrou o nosso ultimo diálogo. Na manhã do dia seguinte, às cinco e cinquenta do dia 18 de Abril de 1972, ele partiu.
terça-feira, 15 de maio de 2012
A ULTIMA LIÇÃO DO MEU PAI.
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