Platão viveu na Grécia entre 427 a 347
antes de Cristo.
Desde lá, o cancro da corrupção, da baderna no meio político já viciava,
enlameava o trato da coisa pública. Se não vejamos:
“Corria-lhe nas veias o sangue da alta nobreza helênica, e o
maior pesar do jovem aristocrata era ver o seu país agonizar num caos de
desordens internas e externas. Desde esse tempo concebeu Platão a ideia de pôr
a sua vida ao serviço da pátria e da prosperidade nacional. Tornou-se politico
militante e atingiu notável influência nesse setor.
“Entretanto, graças à perspicácia do seu gênio, não tardou a verificar que,
para promover a grandeza nacional, era necessário, antes de tudo, sanar o
ambiente político interno, ou melhor, converter os políticos do egoísmo para o
altruísmo, dos interesses do bolso e das vantagens pessoais para o idealismo do
sacrifício pela causa pública”.
Não pretendo aqui, falar daquilo que eu não vivi. A vassoura do
Jânio da Silva Quadros, na década de sessenta, era, apenas, um das centenas de
sinais da imundice que graça no meio politico universal.
Na década de setenta eu fui Fiscal de Habite-se da extinta CAEMO (Cia de Águas
e Esgotos do Município de Osasco). Responsável pela aprovação de projetos da
instalação e construção de edificações vivi a realidade desse mundo de propinas
na própria carne, e, por não aceitar ser conivente com tais práticas, acabei
por ser desligado do meu cargo e do meu emprego. Fui casado com a Diretora de
Patrimônios da Secretaria Estadual de Saúde e nessa condição, também, conheci
mais uma dessa infeliz faceta. Fui chefe de equipe da DERSA. Fui eu e a minha
equipe quem sinalizou com “olho de gato”, a via Dutra no trecho de Santa Isabel
a São José dos Campos. A Imigrantes nos trechos da chegada à baixada santista,
além do trevo que ali existe. Conheci pessoas que enriqueceram ao desviarem
recursos da SABESP. Participei da aquisição por parte da SEDERT (Secretaria de
Desporto Esporte Recreação e Turismo) aqui da minha cidade, quando da compra de
um equipamento de amplificação e sonorização do Ginásio de Esportes
Independência, palco dos grandes festivais de música na década de setenta e
oitenta.Compramos o que havia de mais moderno na época.
Para não me alongar, fico nesses exemplos acima citados, para dizer do horror
que eu conheci, diante dos meus olhos e que a mim me deram amplo constatar do
que acontece nesses meandros.
Então, eu pergunto:
Como pode alguém em sã consciência, acreditar que santos de índole pura,
transitam por esses corredores todos? É preciso ser muito ingênuo ou
desinformado para assim crer.
Quem transita pelas dependências de qualquer Prefeitura desse país, imagina que
não há somente um Prefeito, mas, vários, centenas deles, já que reles
funcionários, revestidos de um poder que não possuem, portam-se como se fossem
a autoridade máxima do município, o próprio Prefeito, caracterizando, assim, o
abuso de poder e a sanha do levar vantagem, celeiro fértil para a prática da
solicitação ou da aceitação de vantagens indevidas de toda sorte.
Eis a regra, o vicio o atropelar da ética, da lei, da moralidade.
Todos esses ilusórios defensores da apuração dos escândalos em voga, da
Petrobras, sabem muito bem de que estilhaços irão atingi-los a qualquer
instante, já que poucos, muito poucos, se salvam pelos motivos elencados acima.
Esse espetáculo circense que fazem, é mais uma vergonha descarada do tipo,
sentar em cima do rabo para falar do tamanho do rabo dos outros. João, quando
fala de Pedro, está se referindo mais ao próprio João do que de Pedro.
Eu, não enriqueci. Muito pelo contrário, passo apuros pelo fato de nada possuir
de meu, e, como já bem disse Rui Barbosa:
“De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.