domingo, 15 de março de 2015

OUTONO.


Estava zangado!
Só a sua zanga, explica a minha sina.
Sou de Abril!
Logo do seu primeiro dia.
Lógos particular, só meu.
E, mesmo tendo nascido numa manhã, quase meio-dia.
Compareceu mais forte, o breu.
Longas, sombrias noites.
Negação do clarão solar.
Vou por essa vida, seguindo, num eterno tatear.
Quase nada é palpável.
Quase nada é concreto.
A não ser, o escuro do abandono.
Excesso de descaminho.
Farol do Oriente.
Se faz ausente.
E, por quê, não está lá?
Negação...
Nem fresta, nem língua de lume, nada.
Negação de trégua.
Negação de fôlego.
Açoite!
Quinhão da minha vez.
Vontade de compor harmonia.
Trazer, aproximar companhia.
No alegre roçar da tez.
Dela e minha.
Não é de arrependimento, verso que faço.
Verbo de contra golpe.
Galope de triste amargura que é só minha.
Armadura.
Trincheira, esconderijo de comandante amedrontado.
Sorri para mim, felicidade...
Invoco a tua presença, já que, ausência.
Sem perceber em mais ninguém.
Tão intensa quanto em mim, é.
Outono do despencar constante.
Quis despejar, inclusive, eu.
Como uma folha solta do galho.
Nasci em Primeiro de Abril.
Pra ser, quase uma mentira.

sábado, 7 de março de 2015

GÊNERO FEMININO.

Mãe.
Nascente.
Luz.
Vida.
Mulher.
Amante.
Ornamento.
Amor.
Regalo dos homens.
Perfume.
Mais valia.
Ventre.
Concepção.
Divina missão.
Povoar a Terra.
Encantamento.
Nosso Norte.
Magia.
Nossa devota paixão.
Canção.
Pauta musical.
Curvas.
Beleza.
Graça.
Charme.
Delicadeza.
Melódica sedução.
Minha reverência.

FELIZ OITO DE MARÇO.

quarta-feira, 4 de março de 2015

DE ANTANHO



Platão viveu na Grécia entre 427 a 347 antes de Cristo.
Desde lá, o cancro da corrupção, da baderna no meio político já viciava, enlameava o trato da coisa pública. Se não vejamos:
“Corria-lhe nas veias o sangue da alta nobreza helênica, e o maior pesar do jovem aristocrata era ver o seu país agonizar num caos de desordens internas e externas. Desde esse tempo concebeu Platão a ideia de pôr a sua vida ao serviço da pátria e da prosperidade nacional. Tornou-se politico militante e atingiu notável influência nesse setor.
“Entretanto, graças à perspicácia do seu gênio, não tardou a verificar que, para promover a grandeza nacional, era necessário, antes de tudo, sanar o ambiente político interno, ou melhor, converter os políticos do egoísmo para o altruísmo, dos interesses do bolso e das vantagens pessoais para o idealismo do sacrifício pela causa pública”.
Não pretendo aqui, falar daquilo que eu não vivi. A vassoura do Jânio da Silva Quadros, na década de sessenta, era, apenas, um das centenas de sinais da imundice que graça no meio politico universal. 
Na década de setenta eu fui Fiscal de Habite-se da extinta CAEMO (Cia de Águas e Esgotos do Município de Osasco). Responsável pela aprovação de projetos da instalação e construção de edificações vivi a realidade desse mundo de propinas na própria carne, e, por não aceitar ser conivente com tais práticas, acabei por ser desligado do meu cargo e do meu emprego. Fui casado com a Diretora de Patrimônios da Secretaria Estadual de Saúde e nessa condição, também, conheci mais uma dessa infeliz faceta. Fui chefe de equipe da DERSA. Fui eu e a minha equipe quem sinalizou com “olho de gato”, a via Dutra no trecho de Santa Isabel a São José dos Campos. A Imigrantes nos trechos da chegada à baixada santista, além do trevo que ali existe. Conheci pessoas que enriqueceram ao desviarem recursos da SABESP. Participei da aquisição por parte da SEDERT (Secretaria de Desporto Esporte Recreação e Turismo) aqui da minha cidade, quando da compra de um equipamento de amplificação e sonorização do Ginásio de Esportes Independência, palco dos grandes festivais de música na década de setenta e oitenta.Compramos o que havia de mais moderno na época.
Para não me alongar, fico nesses exemplos acima citados, para dizer do horror que eu conheci, diante dos meus olhos e que a mim me deram amplo constatar do que acontece nesses meandros. 
Então, eu pergunto:
Como pode alguém em sã consciência, acreditar que santos de índole pura, transitam por esses corredores todos? É preciso ser muito ingênuo ou desinformado para assim crer.
Quem transita pelas dependências de qualquer Prefeitura desse país, imagina que não há somente um Prefeito, mas, vários, centenas deles, já que reles funcionários, revestidos de um poder que não possuem, portam-se como se fossem a autoridade máxima do município, o próprio Prefeito, caracterizando, assim, o abuso de poder e a sanha do levar vantagem, celeiro fértil para a prática da solicitação ou da aceitação de vantagens indevidas de toda sorte.
Eis a regra, o vicio o atropelar da ética, da lei, da moralidade.
Todos esses ilusórios defensores da apuração dos escândalos em voga, da Petrobras, sabem muito bem de que estilhaços irão atingi-los a qualquer instante, já que poucos, muito poucos, se salvam pelos motivos elencados acima. Esse espetáculo circense que fazem, é mais uma vergonha descarada do tipo, sentar em cima do rabo para falar do tamanho do rabo dos outros. João, quando fala de Pedro, está se referindo mais ao próprio João do que de Pedro. 
Eu, não enriqueci. Muito pelo contrário, passo apuros pelo fato de nada possuir de meu, e, como já bem disse Rui Barbosa: 
“De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.