Um menino de, um dia desses, completa, cinqüenta e nove anos.
O tempo não devia passar, assim, tão rápido. Transitoriedade que na sua fúria de transformar o presente em passado, vai me privando de tantas companhias, suprimindo vigor físico, embaçando visão clara, contabilizando dados, minhas vitórias e derrotas.
Nunca desejei ser imortal. Penso que não haveria, ganho nenhum no viver para sempre. Minha vontade, apenas se restringe na ânsia do ter melhor controle sobre a passagem do tempo no meu viver.
Mas, essa equação do tempo é precisa. A mim não cabe, dela queixar-me, posto que sei que do mesmo modo em que as alegrias passam como relâmpagos, minhas tristezas e agruras, vêm e vão à mesma velocidade.
Sinto a vida se comportar como a preparação do melaço de cana de açúcar, que o calor do fogo, faz evaporar a água, líquido veicular que pode conter, impurezas, mas, que também, leva, por todo o sempre, para nunca mais, alguns valores que vão se perdendo na evaporação que se impõe para virar essência, densidade adocicada, sabor único!
Avizinha-se, num estalar de dedos, os meus sessenta anos. Olho para o futuro tentando visualizar como será? E, para a obtenção dessa resposta, recorro a um ensinamento budista que diz: “Quer saber do seu passado? Olhe o seu presente. Quer saber do seu futuro? Olhe o seu presente”.
Então, ao olhar para o meu presente, como propõe o ensinamento, concluo que, valeu a pena!
E, porque essa convicção emerge de dentro de mim?
Por uma razão muito simples:
Sei que a condição de combatente perseverante contra o violento estupro de valores sociais ao qual somos todos submetidos encontrará, sempre em mim, um adversário tenaz, incansável e destemido, jamais sendo conivente, passivo ou indiferente a esses tantos entulhos de decadência moral e ética que pipocam por todo canto a querer dissolver como o faz, poderoso ácido, o tecido social da nossa brava gente brasileira.
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