Vai em mar alto, minha Nau.
Veleiro movido pela ação do vento.
Sem timão, sem bússola, orientação.
Invento o rumo.
Mente sem prumo.
Mar de solidão.
Venta forte, velas em frangalhos.
Rebenta forte, ondas gigantes.
Resistirá todo o frágil ser da minha Nau.
Quase feita em retalhos?
Clareia o dia, cai a noite.
Nova Alvorada.
Outro anoitecer.
E, assim, lá vou eu.
Ao encontro do inesperado...
Quando alcanço o horizonte de antes.
Ele já não está mais lá.
Não existe!
Torna a fazer-se distante.
E o meu destino errante.
Prolonga a incerteza, a dor e o desencanto.
Há um rombo nos porões do meu barco.
Flutuará até encontrar porto seguro?
Sem ter tal resposta como certa.
Empresto a mim mesmo, uma fresta.
De esperança, consolado entusiasmo.
Tiro no escuro.
E doo colo a mim mesmo, quando canto.
E canto, para confortar o meu íntimo.
O faço, para não explodir em tristeza, amargura e desencanto.
Invento um canto quieto dentro daqui e.
Canto...
Delta do Amazonas.