Eu detesto mergulhar nas ondas, nos modismos, nas palavras de ordem. No entanto, pedindo desculpas a mim mesmo, vou falar do estupro, palavra tão em moda, hoje em dia.
Não são somente as mulheres, as únicas vitimas desse ato infame, abjeto.
Se o Moral, a Ética, o Respeito, a Valorização da Vida Humana, a Civilidade, os Valores estão sendo diuturnamente estuprados, como desejar que as mulheres, não o sejam?
Qual cidadão não se sente estuprado na sua dignidade, quando assiste o governo acudir os bancos falidos com vultuosas quantias, subtraídas do erário público, ao mesmo tempo em que um juiz manda leiloar o único teto de um pobre miserável, para saldar uma dívida ativa de IPTU? Que raio de justiça, moralidade ou coerência há nisso?
Durante a apuração do desfile das Escolas de Samba de São Paulo, o locutor, responsável pela anunciação das notas de cada escola, em determinado momento, interrompe a "cantada" das notas e afirma, com autoridade e pulso:
- Olha aqui, enquanto esses helicópteros não se retirarem das imediações, eu me recuso a continuar. Não é possível trabalhar desse jeito.
O helicóptero, essa máquina diabólica, barulhenta do inferno, que virou artigo de luxo dos poderosos, (magnatas, emissoras de TV, polícia...), sem o menor senso de respeito à paz pública, previsto em lei, inclusive, estupram diuturnamente a população do bairro onde eu moro, que por sinal é um vale e, por assim o ser, acaba sofrendo em dobro o tormento por causa do efeito acústico que aqui se verifica. Osasco tem uma escola de pilotagem desses demônios voadores. Estranhamente, nem as autoridades, nem ninguém faz nada para evitar os transtornos causados por essa atividade que deveria ser radicalmente proibida por se tratar de área residencial e, a qualquer momento poderá causar um desastre de proporções catastróficas, caso despenque, por algum motivo, sobre o lar de alguém. E tem mais. a vinte metros da minha casa existe duas clínicas de repouso e eu pergunto:
Como repousar se antes das sete da manhã e isso todos os dias, de segunda a segunda, essas "pestes" estupram o silêncio de todos nós, moradores da desrespeitada, invadida, e anarquizada Vila Quitauna?
As ruas do meu bairro são estupradas. As leis de transito do meu bairro e da minha cidade, são estupradas. A tradição do meu bairro e da minha cidade, são estupradas. As árvores, as Serras, os córregos e rios da minha cidade, são estupradas. E quem liga?
Já vi o poder da grana cometer muitas atrocidades. Agora, abaixar a cabeça pra tudo, sem reagir, coibir, regular, impor a ordem, indignar-se contra tais abusos, é a meu ver, inércia de quem se diz governante.