segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PRIMAVERA, CANTAM OS SABIÁS.

Cantar para atrair seu par, fêmea, para acasalar.
Ninho, família, preservação da espécie.
Natureza!
Mas, o mundo está do avesso!
Natural ficou desnaturado.
Normal se fez anormal, distorcido, do avesso.
Sabiá da cidade grande, canta a madrugada inteira. Dia inteiro.
Mas o seu cantar não alcança, ouvido da fêmea.
E de tanto cantar, quase em vão, até moção contra o seu canto, já se faz!
E quem, invadiu o espaço de quem?
Banir os pássaros, silencia-los para dormir em paz?
Cantam os Sabiás para atraírem o seu par.
Onde vão as suas fêmeas?
Às compras nos Shoppings de passarinho?
Ás praias? Para a Paris de terras distantes?
Estarão travestidas, também, as fêmeas de Sabiá?
Talvez, convertidas...
Quiça, desinteressadas em cumprir as leis naturais.
Teriam minguado em número?
Mortas por estilingues, envenenadas pelos agrotóxicos, dizimadas propositadamente?
Desesperados, catam os machos de Sabiás!
Cantam o dia inteiro, a madrugada inteira.
Cantam o rito de atrair, para acasalar.
Onde vão as suas fêmeas?
Por quê não ouvem, não se enamoram mais?
Nem ligam para o canto desesperado dos machos,
Sabiás?

sábado, 24 de outubro de 2015

DO SOSLAIO AO O OLHAR POR DENTRO.

Quando eu cheguei, ela já estava. Ambos nos olhamos ligeira e aparentemente, sem nenhuma consequência. Mas não!
Ela, ali do meu lado, alta, esbelta, pele de seda, seios rijos, denuncia da sua jovialidade. Largos ombros nus, rosados...
Cada vez mais me convenço de que o olhar emite radiação, calor que faz soar algum tipo de sinal de alerta.
No vidro da porta, feito por ela de espelho, buscou ângulo ideal para encontrar-me e, então, quis acolher-me nos confins dos seus pensamentos secretos. Ao perceber-me, também, olhando-a, mas, o meu olhar de postura esganada, não fugiu. Ao contrário, torceu o seu tronco a encontrar-me de frente, desejando mergulhar, voluntariamente, para cá, dentro de mim.
Concedeu-me segundos daquela beleza colossal, natural de rosto lavado, sem nenhuma maquiagem. Sabedora de que seus dotes não necessitam de artifícios extras, não os utiliza.
No sério dos nossos semblantes imutáveis, um código de conduta fora trocado entre ela e eu. Sem sorriso. Sem palavra. Sem toque...
Semente da paixão atirada em solo fértil.
Nada eu sei sobre ela. Tão pouco, ela, do que houvera provocado aqui dentro.
Mas, uma coisa é certa:
Foi mágico, bom, vibrante, enquanto durou!

"Próxima estação, Paulista".
"Next station" .

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

TOADA EM ALTO MAR.

Entoadas ao vento
Vão, minhas canções de amor.
Mar alto.
Emboladas, Jongo, Seresta, Fado.
Todas de dor.
Ah! meu sangue Mouro.
Imponha-se fundido ao meu sangue português.
Faz de mim, valente marujo.
Que pelo mar tem respeito e não medo.
Quem dera, do Fado ou Jongo.
Eu possa extrair as vitórias das minhas conquistas.
Nau ao mar, pois então.
Avança, vai, seduz, cativa coração arisco, esquivo.
Traga-o para cá, dentro da minha embarcação de abandono.
E, o mesmo mar que zomba da fragilidade do meu barco.
Que seja misericordioso.
Talvez, cônscio da sua soberania,
Não nos cause danos mortais.
Mar, que é estrada de levar tão longe.
Leva-nos, então, ela e eu, em segurança.
Até um porto seguro...
Nossa Paz.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

INDULTO NEGADO.

Choro um pranto de criança crescida.
Amadurecida na forja incandescente,
Braseiro de tantas paixões.
Perde calor, apaga o coque
E o que resta é quietude.
Silêncio rompido por uma lágrima que corre quente.
Saudade do braseiro de outrora.
Ah, quem me dera, tão linda senhora.
Estar eu, no colo da sua memória.
Lágrimas de menino apaixonado, escoam.
Pranto adulto de madura experiência.
Derrama água e sal, olhos à fora.
Choro de amor!
Dor que sufoca e quase mata.
Saudade de alguém que se foi embora.

TRAMA COM LETRAS.

Digo não retumbante para a teoria.
Não quero as drogas, nem as compras.
Carteado, álcool, dominó ou botecos.
Não quero amor de mentira.
Nem sei amor fantasia.
Quero um ser que respira.
Mas, que não seja égua, cão, gato, ovelha.
Galinha, porca, bananeira.
Nem traquinagem, idolatria.
Conta, se amor de mulher, carne e osso.
Nada de vídeo, revista, fotografia.
Mas, de carne viva.
Formas, maciez da pele, contornos, trejeitos faceiros...
Corpo inteiro.
Não à carne fria funesta, inerte.
Quero a dança do encanto e o canto da excitada carícia.
Voz que de tanto prazer, canta.
Sussurra, geme, delira...
Voz de mulher entregue, saciada.
Música para os ouvidos do seu amante.
Sons do pulsar cardíaco buscando ar.
Tilintando em êxtase intenso.
Realização.
Presente.
Quem ama não quer amor de ausência.
Nem pode amar, promessa.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

DE MEU, EU SÓ POSSUO A MIM MESMO.

O Brasil, a exemplo daquilo que se dá em todo o mundo, fervilha no clamor pela dignidade, honra, moral, justiça social, igualdade de oportunidade para todos, humanismo e Ética.
Porém, na busca que faz, visando alcançar o referido resgate de valores indispensáveis para qualquer sociedade que pretenda dizer-se de si mesma, ser civilizada, o que se constata para o total desencanto e tristeza de nós todos, é perceber o quanto esmagado estão tantos princípios, sem os quais, somente a vergonha endêmica é servida nesse banquete de falcatruas cafajestagem, cinismo, bandalheira, banditismo, rapa pés, traições discursos falaciosos, etc...
E,
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto".
Rui Barbosa
Não sou nenhum santo, nem me arrependo de não ter surfado na onda do famoso, "levar vantagem em tudo", e sim, me orgulho de ter as minhas mãos limpas! A minha consciência leve! Por isso, não possuo nada de meu. Absurdamente distante da grande maioria desses "paladinos" do bafo da onça, do pau oco, vermes habitantes das latrinas fétidas, mas que, de posse das fortunas que fizeram, compram os seus bajuladores capazes da afirmação categórica de que:"seus ídolos não fedem tanto assim". Oras, cheiro de carniça fede, e, de longe, ou não?
Eu vivi para testemunhar dois extremos: A minha turma foi a última do extinto Grupo Escolar do Quilômetro 18 e a primeira quando da inauguração do prédio novinho em folha, do Grupo Escolar João Larizatt, construído pelo governo Carvalho Pinto, na década de cinquenta. Governo que é governo de verdade, constrói escolas num país de tão alto índice de analfabetismo.
A minha turma foi a última da extinta Escola Vocacional anexa ao Grupo Escolar Alberto Torres no Butantã, São Paulo, na década de sessenta. Governo de verdade, oferece benefícios ao seu povo em lugar do açoite. Minha turma foi a última do prédio, lá no alto do Jardim Rochdale, aqui de Osasco, onde fui admitido como aprendiz de Tornearia Mecânica na Escola SENAI e a primeira turma do prédio novinho em folha de Presidente Altino, onde até hoje, lá está. Governo que presta, profissionaliza os cidadãos para que enfrentem o mercado de trabalho de forma digna, qualificada e próspera.
Triste, no entanto, é esse espetáculo de atrevimento total, descaso insultuoso por parte da "autoridade máxima" do estado mais rico da Federação que fecha escolas, já tão escassas para atender a demanda da população, espanca professores, remunera-os de forma vexatória, sem que nada se possa apresentar como justificativa de tamanha violência contra a educação dos menos favorecidos e dos seu professorado.
Que Dia da Criança funesto para o futuro do país, não?
O Congresso Nacional está rifado! Há, ali ,um vergonhoso, escandaloso leilão do: - Quem dá mais? Se os líderes religiosos, as empreiteiras, os bancos, o crime organizado.
Quem der mais, leva!
Num país laico é inconcebível arrastar toda a nação à força para essa ou aquela crença. Mas...
A política partidária está com sua carne podre, gangrenada, em todo o território nacional. Ato cirúrgico emergencial se faz indispensável e urgente, se quisermos estancar a gangrena, salvar a vida do Brasil que, francamente, merecia, merece, e, ha que atrair gente honrada, de brio, moral, ética, visão, humanismo, índole e pulso para devolver o nosso amado país ao seu verdadeiro destino.
Isso não se faz batendo panelas, especialmente por parte desses que sentam em cima do rabo para falar do tamanho do rabo do outro.