quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ESCRITA DA FACE.



Amarfanhado, opaco.
Carga exagerada de preocupações.
Como uma máscara espessa, era a imagem quê se podia ver, até então.
Eu nunca soube do seu verdadeiro aspecto. Manifesto, seria aquele mesmo, sem tirar nem por um velho conhecido meu, há três anos?
Observador atento que sou percebia, no entanto, um destoar do semblante em relação à expressão dos olhos.
Havia ali, algo discrepante e eu, em silêncio, sempre quis alcançar compreensão do motivo que os fazia tão disformes.
Então, através do advento da “Fusão na Manhã”, minhas indagações foram totalmente contempladas. Respondidas a contento.
Aflora diante dos meus olhos, como que resultante de um passo de mágica, diferente, formoso, sereno e iluminado o rosto da minha amada...
Tão jovial tão lindo, harmônico. Escrita da face!
Era, agora, uma jovem radiante e muito bela.

E, uma carta de amor, também de gratidão, escrita só para mim, cujas palavras, embora mudas, ainda assim, eram muito claras...
- Eu amo você meu querido, precioso namorado, amante e amigo, Sérgio.

Foi assim!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

FUSÃO NA MANHÃ


Nada tem a ver com a homofobia, termo tão em voga nos dias de hoje, mas que é tão antigo quanto a existência humana na Terra.
É sim, o maravilhar-me com o mágico fascínio daquele belo corpo nu de mulher, sutilmente escondido por debaixo do vestido solto, incapaz de encobrir tão belo atributo.
Cultuado por um apaixonado amante. Aceso pelas carícias incessantes, corpo e alma em fusão inevitável, mergulham no ritual de canto e dança, absoluto êxtase, completo.
Fêmea que somente no reino das aves, não fora feita bela, magnífica na arte de seduzir.
Qual homem deixaria de reverenciá-la, reconhecê-la como extraordinária missionária, responsável pela geração de um novo ser?
Mulher, minha amada, a mim me enfeitiça, encanta e basta, posto que na sua dedicação de amor, arremate do mal acabado que fui, burila, poli e apronta a minha parcela generosa de felicidade. Só agora, sei ao certo, poder alcançá-la na plenitude.
Por ela e para ela, desejo dedicar os meus dias em gratidão incansável.
Sou atento nesse cuidado, zelo e apresso.
Sê toda a manhã se parecesse, ao menos um pouco, com a que vivemos, ela e eu, hoje, de que modo não dizer em alto brado:
Somos o casal mais feliz do mundo!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A TODOS OS MESTRES, COM CARINHO.

20 DE NOVEMBRO



Quis eu, compor um samba que tivesse como inspiração o 20 de Novembro.
Esforcei-me o quanto pude, mas o samba que eu compuz, não quis cantar.
E logo eu soube o porque da rebeldia da minha criação:

“A Escravidão”

“Os homens são escravos da vida, e a escravidão marca os seus dias de vileza e suas noites de sangue e lágrimas.
Sete mil anos já se passaram desde o meu nascimento, e até hoje nunca vi senão escravos...
Percorria as terras do Oriente ao Ocidente, e conheci a luz e a sombra da vida, e contemplei a procissão dos povos na sua marcha das grutas aos palácios, mas nunca vi senão pescoços curvados sob os jugos e braços acorrentados e joelhos dobrados perante os ídolos.
Acompanhei os homens da Babilônia a Paris e de Ninive a Nova Iorque, e vi os traços de suas cadeias impressos na areia, ao lado das marcas de seus passos, e ouvi os vales e as florestas repetirem o eco das lamentações das gerações e dos séculos.
Visitei palácios e instituições e templos, e aproximei-me de tronos e altares e tribunais, e não vi senão escravos: vi o operário escravo dos comerciantes, e o comerciante escravo do militar e o militar escravo do governante, e o governante escravo do rei e o rei escravo do sacerdote, e o sacerdote escravo dos ídolos – e o ídolo: um punhado de varro, modelado pelos demônios e erguido sobre um montículo de crânios.
Acompanhei as gerações , da margens do Ganges ao desembocar do Nilo, ao Monte Sinai, às praças públicas na Grécia, às igrejas de Roma, às ruas de Constantinopla, aos edifícios de Londres, e vi a escravidão caminhar em toda parte: ora, oferecem-lhe sacrifícios e chamam-lhe deus; e ora vertem vinho e perfumes aos seus pés e chamam-lhe rei; ou queimam incenso ante as suas estatuas e chamam-lhe profeta; ou prosternam-se perante elas e as chamam-lhe lei; ou lutam e se massacram por ela e chamam-lhe patriotismo; ou submetem-se passivamente a ela e chamam-lhe religião; ou incendeiam e demolem suas próprias moradas por sua causa e chamam-lhe fraternidade e igualdade ou labutam e lutam para conquistá-la e chamam-lhe dinheiro e comércio...Pois ela tem muitos nomes mas uma só essência...
Uma das suas variedades mais estranhas é a escravidão cega, que solda o presente dos homens ao passado de seus pais e submete suas almas as tradições de seu avós, fazendo deles corpos novos para espíritos velhos e túmulos pintados para esqueletos decompostos.
E há a escravidão muda, que prende o homem a uma esposa que ele detesta, e prende a mulher a um marido que ela odeia, rebaixando-os ao nível da sola do sapato da vida.
E já a escravidão surda, que obriga os indivíduos a seguir os gostos de seu meio e a tomar sua cor e a adotar sua modas até que se tornem como os ecos da voz e a sombra dos corpos...
Quando me cansei de contemplar as procissões, sentei-me no vale das sombras e vi uma sombra magricela que caminha sozinha rumo ao sol. Perguntei-lhe:
- Quem és tu?
- Eu sou a Liberdade.
- E onde estão teus filhos?
- O primeiro morreu crucificado, o segundo morreu louco, e o terceiro ainda não nasceu..”

Gibran Khalil Gibran.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A CANÇÃO DO AMOR


Um poeta, certa vez, escreveu uma canção de amor, e esta era bela. E ele tirou muitas cópias e as enviou aos seus amigos e conhecidos, homens e mulheres, e até a uma jovem com quem só se havia encontrado uma vez, e que vivia além das montanhas.
E, em um dia ou dois, veio um mensageiro da jovem trazendo uma carta. E a carta dizia: “Deixa-me dizer-te, estou profundamente comovida pela bela canção de amor que escreveste para mim. Vem logo, fala com meu pai e minha mãe, e trataremos dos preparativos para as bodas.”
E o poeta respondeu a carta dizendo à moça: “Minha amiga, isso não era se não uma canção de amor saída do coração de um poeta, cantada por qualquer homem para qualquer mulher.”
E ela escreveu-lhe novamente dizendo: “Hipócrita e mentiroso em palavras. De hoje até o dia do meu enterro, odiarei todos os poetas por sua causa."

Gibran Khalil Gibran.